domingo, 4 de março de 2012

As Geleiras e a Quimica


Aproveitando que estamos falando sobre os corpos de água no planeta Terra, vamos falar um pouquinho sobre as geleiras e algumas hipóteses relacionadas com a química também.
Primeiramente falaremos sobre os glaciares do hemisfério sul e depois sobre o Ártico, no hemisfério norte.
A finalidade é dar um panorama das principais mudanças que ocorrem com ou sem a interferência do homem, mas com certeza, ambas estão relacionadas ao aquecimento global

Era Glacial e glaciares
"Era glacial corresponde a um longo período de tempo geológico em que grande parte do planeta, ao adquirir temperaturas muito baixas, fica coberta de gelo e neve", afirma o professor Jurandyr Ross, chefe do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
Durante esse período, que pode durar milhões de anos, os animais e os vegetais desaparecem em sua maior parte, porque não resistem ao frio e à falta de luz solar.
"É um deserto gelado, como ocorre em regiões do Ártico e da Antártida. Os bichos que conseguem sobreviver nos ambientes de frio extremo são, sobretudo, marinhos e algumas  aves", diz o geógrafo.
A última grande glaciação no planeta ocorreu no período Terciário Superior da Era Cenozóica, há cerca de 60 milhões de anos, quando os homens ainda nem existiam. "Nos últimos um bilhão de anos, a Terra passou por seis grandes eras glaciais, sendo que a mais longa durou 100 milhões de anos, no período geológico chamado de Permo-Carbonífero", conta Jurandyr.
É importante ressaltar, entretanto, que as eras glaciais são diferentes dos chamados períodos glaciais, que possuem duração mais curta - de alguns mil anos - e que ocorreram muito mais vezes na história do planeta. "Só no período Quaternário, ou seja, no último um milhão de anos, foram registrados, na Europa e na América do Norte, quatro períodos glaciais (de expansão da calota de gelo) e quatro interglaciais (de retração, isto é, aquecimento)", destaca o professor. "Assim sendo, pode-se afirmar que o planeta Terra sempre passou por fases de esfriamento e aquecimento global, independente da existência humana".
As causas desses processos, segundo ele, estão relacionadas principalmente à energia solar que atinge a superfície terrestre. Fatores como variações na intensidade da radiação solar, mudanças na composição gasosa da atmosfera, alterações das posições paleogeográficas dos continentes e oceanos e até mesmo causas extraterrestres, como o impacto de grandes meteoritos que geram densa camada de poeira na baixa atmosfera, bloqueando a entrada dos raios solares, podem levar ao resfriamento do planeta.
"Nosso último período glacial ocorreu entre 12 e 18 mil anos atrás e supõe-se que, em tempos futuros, não muito superior a 10 mil anos, devemos ter o próximo", estima o professor. Ele aponta que, atualmente, a Terra encontra-se no período interglacial, ou seja, de aquecimento global.
Fonte: Revista Nova Escola

A Geleira Perito Moreno localiza-se na Argentina, na fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do Lago Argentino, possuindo cinco quilômetros de largura e 60 metros de altura. Seu nome é uma homenagem a Francisco Pascasio Moreno, criador da Sociedade Científica Argentina e um renomado pesquisador da região austral daquele país. O glaciar é considerado uma das reservas de água doce mais importantes do mundo.
É uma das geleiras mais imponentes e já foi chamada de a "oitava maravilha do mundo", devido à vista que se tem de seu topo. Localizada em uma zona rodeada por bosques e montanhas, está dentro do Parque Nacional Los Glaciares, criado em 1937 na Província de Santa Cruz, localizada ao sul da Argentina. Esse parque, de 724.000 hectares possui um total de 356 geleiras.
Em diversos pontos de sua extensão, a geleira represa as águas do Lago Argentino, fazendo com que esse atinja uma altura de até 30 metros. Neste ponto a água começa a fazer pressão sobre o gelo. Essa pressão cria um túnel com uma abertura de mais de 50 metros, por onde as águas do Rio Braço acabam descendo até o Lago Argentino. A pressão da água provoca um desabamento na borda da geleira, formando um espetáculo incrível. Esse processo se repete ao longo de intervalos irregulares: o último desabamento ocorreu em 9 de julho de 2008. Os anteriores em 13 de Março de 2006, dois anos após o desabamento ocorrido em 2004, sendo que o anterior ocorreu somente 16 anos antes, em fevereiro de 1988.
Também é possível caminhar sobre a geleira, desde que se use sapatos e roupas adequados e acompanhado de guias especialmente treinados
Fonte: Wikipédia

vista geral do glaciar Perito Moreno
Glaciar Perito Moreno em 03/03/2012
 
Glaciar Perito Moreno em 04/03/2012


vista em 06/03/2012 - repare que caiu mais um pedaço do lado esquerdo





Filme mostrando o desabamento do glaciar em 03/03/2012

agora vamos para o hemisfério Norte...

Em julho de 2011 a Folha de São Paulo publicou um artigo sobre a diminuição do gelo no Artico

Camada de gelo no Ártico baixa ao nível mínimo histórico

Em 32 anos de medições por satélites, os últimos cinco foram os que tiveram os maiores degelos, o que provavelmente é consequência de padrões naturais de temperatura e da mudança climática provocada pelo homem.
A ausência de gelo no verão ártico pode afetar o clima no mundo todo. Cientistas dizem que os recentes invernos na Europa e América do Norte, excepcionalmente frios, já são um sinal disso, pois o mar mais quente e aberto no Ártico desvia os ventos polares para o sul.
a figura abaixo é uma animação do  degelo no Ártico

Pesquisadores da Universidade de Bremen (Alemanha) disseram que este ano destronou 2007 como o de menor extensão do gelo no Ártico, na medição feita em 8 de setembro.
Já o Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo (NSIDC) dos EUA diz que este ano deve permanecer em segundo lugar, mas numa espécie de "empate técnico".
A Agência Espacial Europeia (ESA) informou nesta quarta-feira que "nos últimos cinco anos foi observada a extensão de gelo mais baixa desde que começou a medição com satélites nos anos 70".
Os satélites que observam a Terra permitem medir a quantidade de gelo em áreas inacessíveis, como o Ártico. Este ano, a extensão de gelo no Ártico é comparável ao mínimo de 2007, informou a ESA.
Mais importante que o recorde é a tendência, disse Georg Heygsterall, da Universidade de Bremen, citando o fato de que todos os verões boreais desde 2007 tiveram degelos maiores do que antes daquele ano.
Recentemente, a Organização Meteorológica Mundial declarou que 2010 empatou com 1998 e 2005 como o ano mais quente desde o início dos registros, há cerca de um século e meio.
Os pesquisadores da Alemanha e dos EUA usaram satélites para medir a radiação de micro-ondas da camada de gelo, mas com métodos ligeiramente diferentes. O NSIDC obtém uma imagem mais nítida, mas a Universidade de Bremen consegue uma resolução mais alta, de 6 quilômetros, contra 25 no outro estudo.

Os pesquisadores são unânimes em dizer que o gelo marinho no verão está desaparecendo em um ritmo maior do que se previa. "Um verão sem gelo no Ártico está rapidamente a caminho. A maioria dos dados indica que os modelos estão subestimando o ritmo da perda de gelo", disse Kim Holmen, diretor de pesquisas do Instituto Polar Norueguês.
"Isso significa que vemos uma mudança mais rápida do que os modelos sugeriram. Significa também que há por aí processos que ainda estamos por compreender influenciando o gelo."
O recuo do gelo no verão já atingiu níveis que eram previstos só para daqui a três décadas nos modelos usados no importante relatório de quatro anos atrás do painel climático da ONU.
Esse grupo de cientistas previu que o Ártico ficaria sem gelo no verão no fim deste século, mas isso pode acontecer já em 2013, segundo uma das estimativas mais agressivas. Outros especialistas preveem que a eliminação total do gelo vai acontecer entre 2020-50.

Mas nesta semana a NASA publicou um estudo muito interessante sobre o degelo no Ártico


NASA descobre que a Perda de Gelo leva a um Aumento de Poluentes
na Atmosfera do Ártico

WASHINGTON – Quedas significativas de gelo do Ártico na última década podem estar intensificando a liberação química de bromo na atmosfera, resultando na diminuição de ozônio ao nível do solo e no depósito de mercúrio tóxico no Ártico, de acordo com um novo estudo liderado pela NASA.

A ligação entre as alterações da cobertura de gelo do Oceano Ártico e os processos químicos do bromo é determinada pela interação entre o sal do gelo do mar, temperaturas frias e a luz solar. Quando se misturam, o gelo salgado libera bromo no ar e provoca uma série de reações químicas chamadas de “explosão de bromo”.  Estas reações rapidamente criam mais moléculas de monóxido de bromo na atmosfera.  O bromo reage com uma forma gasosa de mercúrio, transformando-o num poluente que cai na superfície da Terra.
O bromo também pode remover o ozônio da camada mais baixa da atmosfera, a troposfera.  Apesar do efeito benéfico do ozônio, que bloqueia a radiação prejudicial na estratosfera, o ozônio é um poluente na troposfera, ao nível do solo.

Uma equipe dos EUA, Canadá, Alemanha e Grã-Bretanha, liderada por Son Nghiem do Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena, Califórnia, fez um estudo que foi aceito para publicação pelo Journal of Geophysical Research- Atmospheres (Jornal de Pesquisa Geofísica – Atmosferas). A equipe combinou dados de seis satélites da NASA, da Agência Espacial Europeia e da Agência Espacial Canadense, com observações de campo e um modelo de como o ar se move na atmosfera para ligar as alterações do gelo do Oceano Ártico com as explosões de bromo do Mar Beaufort, estendendo-se ao Golfo de Amundsen no Ártico canadense.

“O encolhimento do gelo no verão atraiu muito atenção para a exploração dos recursos do Ártico e para a melhoria das rotas comerciais marítimas”, afirmou Nghiem.  “Mas a mudança da composição do gelo do oceano também tem seus impactos no meio-ambiente. A mudança das condições no Ártico pode aumentar as explosões de bromo no futuro.”

O estudo foi conduzido para melhor entender a natureza fundamental das explosões de bromo, que primeiramente foram observadas no Ártico canadense há mais de duas décadas.  A equipe de cientistas queria descobrir se as explosões ocorreram na troposfera ou numa estratosfera mais elevada.

A equipe de Nghiem usou a topografia das montanhas do Alasca e do Canadá como uma “régua” para medir a altitude em que as explosões ocorreram.  Na primavera de 2008, satélites detectaram um aumento de concentrações de bromo que foi associado a uma diminuição de mercúrio e bromo gasosos.  Depois que os pesquisadores conferiram as observações do satélite com as medições de campo, eles usaram um modelo atmosférico para estudar como o vento transportou as plumas de bromo através do Ártico.

O modelo, junto com as observações via satélite, mostraram que a Brooks Range, cadeia de montanhas do Alasca, e as montanhas canadenses Richardson e Mackenzie impediram que o bromo se movesse para o interior do Alasca.  Como a maioria destas montanhas não atinge 2.000 m, os pesquisadores determinaram que a explosão de bromo estivesse confinada à troposfera mais baixa.

“Se a explosão de bromo tivesse sido na estratosfera, 8 km ou mais acima do solo, as montanhas não teriam sido capazes de impedir e o bromo teria sido levado para o interior,” disse Nghiem.

Depois que os pesquisadores descobriram que as explosões ocorrem num nível baixo da atmosfera, eles puderam relacionar sua origem a fontes na superfície.  Seu modelo, traçando o ar ascendente do gelo salgado, ligou as liberações de bromo às recentes mudanças do gelo marítimo do Ártico, que deram origem a uma superfície muito mais salgada do gelo do mar.

Em Março de 2008, a extensão do gelo perene do mar atingiu o menor nível em 50 anos, encolhendo 1.000.000 km2 – uma área equivalente ao Texas e Arizona juntos. Um gelo sazonal, que se forma durante o inverno quando a água do mar se congela, ocupa agora o espaço do gelo perene perdido. Este gelo mais novo é muito mais salgado que o gelo mais antigo porque não houve tempo de passar pelo processo que retira os sais marinhos.  Ele também contém flores de gelo – formações de cristais de gelo até quatro vezes mais salgadas que a água do oceano - fornecendo mais fontes de sal para alimentar a liberação de bromo.

Nghiem afirma que, se o gelo do mar continuar sendo dominado pelo gelo mais novo e com maior salinidade e extremos períodos de frio do Ártico ocorrerem com mais freqüência, as explosões de bromo estão propensas a aumentarem no futuro.

Nghiem lidera uma campanha de estudos de campo no Ártico  que trará novas luzes sobre as explosões de bromo e seus impactos.  O Experimento de Bromo, Ozônio e Mercúrio (BROMEX) da NASA envolve contribuições internacionais de mais de 20 organizações.

Para mais informações sobre os programas da Nasa, visite: 
http://www.nasa.gov









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