Aproveitando que estamos falando sobre os
corpos de água no planeta Terra, vamos falar um pouquinho sobre as geleiras e
algumas hipóteses relacionadas com a química também.
Primeiramente falaremos sobre os glaciares do
hemisfério sul e depois sobre o Ártico, no hemisfério norte.
A finalidade é dar um panorama das principais
mudanças que ocorrem com ou sem a interferência do homem, mas com certeza, ambas
estão relacionadas ao aquecimento global
Era Glacial e glaciares
"Era glacial corresponde a um longo
período de tempo geológico em que grande parte do planeta, ao adquirir
temperaturas muito baixas, fica coberta de gelo e neve", afirma o
professor Jurandyr Ross, chefe do Departamento de Geografia da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
(USP).
Durante esse período, que pode durar milhões
de anos, os animais e os vegetais desaparecem em sua maior parte, porque não
resistem ao frio e à falta de luz solar.
"É um deserto gelado, como ocorre em
regiões do Ártico e da Antártida. Os bichos que conseguem sobreviver nos
ambientes de frio extremo são, sobretudo, marinhos e algumas aves",
diz o geógrafo.
A última grande glaciação no planeta ocorreu
no período Terciário Superior da Era Cenozóica, há cerca de 60 milhões de anos,
quando os homens ainda nem existiam. "Nos últimos um bilhão de anos, a
Terra passou por seis grandes eras glaciais, sendo que a mais longa durou 100
milhões de anos, no período geológico chamado de Permo-Carbonífero", conta
Jurandyr.
É importante ressaltar, entretanto, que as
eras glaciais são diferentes dos chamados períodos glaciais, que possuem
duração mais curta - de alguns mil anos - e que ocorreram muito mais vezes na
história do planeta. "Só no período Quaternário, ou seja, no último um
milhão de anos, foram registrados, na Europa e na América do Norte, quatro
períodos glaciais (de expansão da calota de gelo) e quatro interglaciais (de
retração, isto é, aquecimento)", destaca o professor. "Assim sendo,
pode-se afirmar que o planeta Terra sempre passou por fases de esfriamento e
aquecimento global, independente da existência humana".
As causas desses processos, segundo ele,
estão relacionadas principalmente à energia solar que
atinge a superfície terrestre. Fatores como variações na intensidade da
radiação solar, mudanças na composição gasosa da atmosfera, alterações das
posições paleogeográficas dos continentes e oceanos e até mesmo causas
extraterrestres, como o impacto de grandes meteoritos que geram densa camada de
poeira na baixa atmosfera, bloqueando a entrada dos raios solares, podem levar
ao resfriamento do planeta.
"Nosso último período glacial ocorreu
entre 12 e 18 mil anos atrás e supõe-se que, em tempos futuros, não muito
superior a 10 mil anos, devemos ter o próximo", estima o professor. Ele
aponta que, atualmente, a Terra encontra-se no período interglacial, ou seja,
de aquecimento global.
Fonte:
Revista Nova Escola
A Geleira Perito Moreno localiza-se na Argentina,
na fronteira entre Argentina e Chile, até o braço sul do
Lago Argentino, possuindo cinco quilômetros de largura e 60 metros de altura.
Seu nome é uma homenagem a Francisco Pascasio Moreno, criador da Sociedade Científica Argentina e um renomado pesquisador da região
austral daquele país. O glaciar é considerado uma das reservas de água
doce mais importantes do mundo.
É uma das geleiras mais
imponentes e já foi chamada de a "oitava maravilha do mundo", devido
à vista que se tem de seu topo. Localizada em uma zona rodeada por bosques e montanhas,
está dentro do Parque Nacional Los Glaciares, criado em 1937 na Província de Santa Cruz, localizada ao sul
da Argentina.
Esse parque, de 724.000 hectares possui um total de 356 geleiras.
Em diversos pontos de
sua extensão, a geleira represa as águas do Lago
Argentino, fazendo com que esse atinja uma altura de até 30 metros.
Neste ponto a água começa a fazer pressão sobre o gelo. Essa pressão cria um
túnel com uma abertura de mais de 50 metros, por onde as águas do Rio Braço
acabam descendo até o Lago Argentino. A pressão da água provoca um desabamento
na borda da geleira, formando um espetáculo incrível. Esse processo se repete
ao longo de intervalos irregulares: o último desabamento ocorreu em 9 de julho
de 2008. Os anteriores em 13 de Março de 2006, dois anos após o
desabamento ocorrido em 2004, sendo que o anterior
ocorreu somente 16 anos antes, em fevereiro de 1988.
Também é possível
caminhar sobre a geleira, desde que se use sapatos e roupas adequados e
acompanhado de guias especialmente treinados
Fonte:
Wikipédia
vista geral do glaciar Perito Moreno
Glaciar Perito Moreno em 03/03/2012
Glaciar Perito Moreno em 04/03/2012
vista em 06/03/2012 - repare que caiu mais um pedaço do lado esquerdo
Filme mostrando o desabamento do glaciar em 03/03/2012
agora vamos para o hemisfério Norte...
Em julho de 2011 a Folha de São Paulo publicou um
artigo sobre a diminuição do gelo no Artico
Camada de gelo no Ártico baixa ao nível mínimo histórico
Em 32
anos de medições por satélites, os últimos cinco foram os que tiveram os
maiores degelos, o que provavelmente é consequência de padrões naturais de
temperatura e da mudança climática provocada pelo homem.
A
ausência de gelo no verão ártico pode afetar o clima no mundo todo. Cientistas
dizem que os recentes invernos na Europa e América do Norte, excepcionalmente
frios, já são um sinal disso, pois o mar mais quente e aberto no Ártico desvia
os ventos polares para o sul.
a figura abaixo é uma animação do degelo no Ártico
Pesquisadores da Universidade de Bremen
(Alemanha) disseram que este ano destronou 2007 como o de menor extensão do
gelo no Ártico, na medição feita em 8 de setembro.
Já o Centro Nacional de Dados da Neve e do
Gelo (NSIDC) dos EUA diz que este ano deve permanecer em segundo lugar, mas
numa espécie de "empate técnico".
A Agência Espacial Europeia (ESA) informou
nesta quarta-feira que "nos últimos cinco anos foi observada a extensão de
gelo mais baixa desde que começou a medição com satélites nos anos 70".
Os satélites que observam a Terra permitem
medir a quantidade de gelo em áreas inacessíveis, como o Ártico. Este ano, a
extensão de gelo no Ártico é comparável ao mínimo de 2007, informou a ESA.
Mais importante que o recorde é a tendência,
disse Georg Heygsterall, da Universidade de Bremen, citando o fato de que todos
os verões boreais desde 2007 tiveram degelos maiores do que antes daquele ano.
Recentemente, a Organização Meteorológica
Mundial declarou que 2010 empatou com 1998 e 2005 como o ano mais quente desde
o início dos registros, há cerca de um século e meio.
Os pesquisadores da Alemanha e dos EUA usaram
satélites para medir a radiação de micro-ondas da camada de gelo, mas com
métodos ligeiramente diferentes. O NSIDC obtém uma imagem mais nítida, mas a Universidade
de Bremen consegue uma resolução mais alta, de 6 quilômetros, contra 25 no
outro estudo.
Os pesquisadores são unânimes em dizer que o
gelo marinho no verão está desaparecendo em um ritmo maior do que se previa.
"Um verão sem gelo no Ártico está rapidamente a caminho. A maioria dos
dados indica que os modelos estão subestimando o ritmo da perda de
gelo", disse Kim Holmen, diretor de pesquisas do Instituto Polar
Norueguês.
"Isso significa que vemos uma mudança
mais rápida do que os modelos sugeriram. Significa também que há por aí
processos que ainda estamos por compreender influenciando o gelo."
O recuo do gelo no verão já atingiu níveis
que eram previstos só para daqui a três décadas nos modelos usados no
importante relatório de quatro anos atrás do painel climático da ONU.
Esse grupo de cientistas previu que o Ártico
ficaria sem gelo no verão no fim deste século, mas isso pode acontecer já em
2013, segundo uma das estimativas mais agressivas. Outros especialistas preveem
que a eliminação total do gelo vai acontecer entre 2020-50.
Mas nesta semana a NASA publicou um estudo muito
interessante sobre o degelo no Ártico
NASA descobre que a Perda de Gelo leva a um Aumento
de Poluentes
na Atmosfera do Ártico
WASHINGTON – Quedas significativas de gelo do
Ártico na última década podem estar intensificando a liberação química de bromo
na atmosfera, resultando na diminuição de ozônio ao nível do solo e no depósito
de mercúrio tóxico no Ártico, de acordo com um novo estudo liderado pela NASA.
A ligação entre as alterações da cobertura de gelo
do Oceano Ártico e os processos químicos do bromo é determinada pela interação
entre o sal do gelo do mar, temperaturas frias e a luz solar. Quando se
misturam, o gelo salgado libera bromo no ar e provoca uma série de reações
químicas chamadas de “explosão de bromo”. Estas reações rapidamente
criam mais moléculas de monóxido de bromo na atmosfera. O bromo
reage com uma forma gasosa de mercúrio, transformando-o num poluente que cai na
superfície da Terra.
O bromo também pode remover o ozônio da camada mais
baixa da atmosfera, a troposfera. Apesar do efeito benéfico do
ozônio, que bloqueia a radiação prejudicial na estratosfera, o ozônio é um
poluente na troposfera, ao nível do solo.
Uma equipe dos EUA, Canadá, Alemanha e
Grã-Bretanha, liderada por Son Nghiem do Laboratório de Propulsão a Jato em
Pasadena, Califórnia, fez um estudo que foi aceito para publicação pelo Journal
of Geophysical Research- Atmospheres (Jornal de Pesquisa Geofísica – Atmosferas).
A equipe combinou dados de seis satélites da NASA, da Agência Espacial Europeia
e da Agência Espacial Canadense, com observações de campo e um modelo de como o
ar se move na atmosfera para ligar as alterações do gelo do Oceano Ártico com
as explosões de bromo do Mar Beaufort, estendendo-se ao Golfo de Amundsen no
Ártico canadense.
“O encolhimento do gelo no verão atraiu muito
atenção para a exploração dos recursos do Ártico e para a melhoria das rotas
comerciais marítimas”, afirmou Nghiem. “Mas a mudança da composição
do gelo do oceano também tem seus impactos no meio-ambiente. A mudança das
condições no Ártico pode aumentar as explosões de bromo no futuro.”
O estudo foi conduzido para melhor entender a natureza fundamental das explosões de bromo, que primeiramente foram observadas no Ártico canadense há mais de duas décadas. A equipe de cientistas queria descobrir se as explosões ocorreram na troposfera ou numa estratosfera mais elevada.
A equipe de Nghiem usou a topografia das montanhas do Alasca e do Canadá como uma “régua” para medir a altitude em que as explosões ocorreram. Na primavera de 2008, satélites detectaram um aumento de concentrações de bromo que foi associado a uma diminuição de mercúrio e bromo gasosos. Depois que os pesquisadores conferiram as observações do satélite com as medições de campo, eles usaram um modelo atmosférico para estudar como o vento transportou as plumas de bromo através do Ártico.
O modelo, junto com as observações via satélite, mostraram que a Brooks Range, cadeia de montanhas do Alasca, e as montanhas canadenses Richardson e Mackenzie impediram que o bromo se movesse para o interior do Alasca. Como a maioria destas montanhas não atinge 2.000 m, os pesquisadores determinaram que a explosão de bromo estivesse confinada à troposfera mais baixa.
“Se a explosão de bromo tivesse sido na estratosfera, 8 km ou mais acima do solo, as montanhas não teriam sido capazes de impedir e o bromo teria sido levado para o interior,” disse Nghiem.
Depois que os pesquisadores descobriram que as explosões ocorrem num nível baixo da atmosfera, eles puderam relacionar sua origem a fontes na superfície. Seu modelo, traçando o ar ascendente do gelo salgado, ligou as liberações de bromo às recentes mudanças do gelo marítimo do Ártico, que deram origem a uma superfície muito mais salgada do gelo do mar.
Em Março de 2008, a extensão do gelo
perene do mar atingiu o menor nível em 50 anos, encolhendo 1.000.000 km2 –
uma área equivalente ao Texas e Arizona juntos. Um gelo sazonal, que se forma
durante o inverno quando a água do mar se congela, ocupa agora o espaço do gelo
perene perdido. Este gelo mais novo é muito mais salgado que o gelo mais antigo
porque não houve tempo de passar pelo processo que retira os sais
marinhos. Ele também contém flores de gelo – formações de cristais
de gelo até quatro vezes mais salgadas que a água do oceano - fornecendo mais
fontes de sal para alimentar a liberação de bromo.
Nghiem afirma que, se o gelo do mar continuar sendo
dominado pelo gelo mais novo e com maior salinidade e extremos períodos de frio
do Ártico ocorrerem com mais freqüência, as explosões de bromo estão propensas
a aumentarem no futuro.
Nghiem lidera uma campanha de estudos de campo no
Ártico que trará novas luzes sobre as explosões de bromo e seus
impactos. O Experimento de Bromo, Ozônio e Mercúrio (BROMEX) da NASA
envolve contribuições internacionais de mais de 20 organizações.
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